terça-feira, 7 de junho de 2016

5 de Junho - DIA MUNDIAL DO AMBIENTE

“A Irmã Terra clama contra o mal que lhe provocamos por causa do uso irresponsável e do abuso dos bens que Deus nela colocou. Crescemos a pensar que éramos seus proprietários e dominadores, autorizados a saqueá-la”.

(da Encíclica do Papa Francisco Laudate Si’, divulgada a 18 de Junho de 2015)


“A poluição e a degradação do meio ambiente causam a morte prematura de 12,6 milhões de pessoas por ano, número 234 vezes superior ao provocado pelos conflitos armados” – revela o relatório “Meio ambiente saudável, Povo saudável” apresentado na 2ª Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente, que reuniu em Nairóbi, entre 24 e 27 de Maio, delegados de 173 países, para estabelecer acordos que permitam um desenvolvimento sustentável.

"As nossas economias matam muita gente em nome do desenvolvimento, uma em cada quatro ou cinco mortes prematuras são causadas por nós mesmos", denúncia o responsável pelo Programa das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente.

Segundo o relatório, mais de 25% das mortes de crianças menores de cinco anos e 23% das mortes registadas a cada ano devem-se à deterioração do meio ambiente. A maior parte destas mortes ocorrem no Sudeste Asiático e no oeste do Pacífico, com 28% e 27% do total, respetivamente.

Estima-se que, na África Subsaariana, 23% das mortes estão relacionadas com a poluição, 22% no leste do Mediterrâneo, 15% na Europa e outro tanto no continente americano. A poluição ambiental, na origem de muitas doenças respiratórias, mata 7 milhões de pessoas anualmente, em grande parte devido às más condições de vida nos ambientes domésticos dos países em desenvolvimento.

A falta de acesso à água potável e sistemas sanitários mata, anualmente, mais de 840 mil pessoas de diarreia, sobretudo em países pobres, e a exposição a compostos químicos tóxicos causa mais de 650 mil mortes.


Brasil - O Rio Doce está morto


No dia 5 de novembro de 2015, o rebentamento de uma barragem de contenção de resíduos de minério de ferro em Bento Rodrigues, Mariana, Minas Gerais, libertou uma onda de 62 milhões de metros cúbicos de lamas tóxicas cheias de metais pesados.

A enxurrada destruiu a localidade de Bento Rodrigues e lançou-se Rio Doce abaixo, fazendo subir o nível do rio em quase dois metros. A "onda de lama" substituiu as águas e matou, aos milhares, peixes e plantas de um dos cursos de água mais importantes do sudeste brasileiro, que abastecia de água e de eletricidade milhares de pessoas. Em termos ambientais o impacto da tragédia provocou danos irreversíveis, num raio de 800 quilómetros e foi detetada a presença de metais pesados como chumbo, alumínio, ferro, bário, cobre, boro e até mesmo mercúrio, a quase 400 quilómetros de Bento Rodrigues. Seis meses depois da lama da Samarco, as comunidades do Rio Doce ainda lutam por justiça. 


LAUDATE SI’ – O CUIDADO DA CASA COMUM


CAPÍTULO 1: O que está acontecendo com a nossa casa comum
O Capítulo 1 apresenta o consenso científico sobre as mudanças climáticas, juntamente com uma descrição de outras ameaças ao meio ambiente, incluindo as ameaças ao abastecimento de água e à biodiversidade. O papa Francisco analisa a forma como a degradação ambiental afeta a vida humana e a sociedade e aborda a desigualdade global da crise ambiental.

CAPÍTULO 2: O Evangelho da criação
O papa Francisco sustenta que convicções religiosas podem motivar os cristãos a cuidarem da natureza e dos mais vulneráveis entre seus irmãos e irmãs. Começa com o relato bíblico da criação e, em seguida, medita sobre o mistério do universo, que ele considera uma revelação contínua do divino. “Tudo está relacionado, e todos nós, seres humanos, caminhamos juntos como irmãos e irmãs numa peregrinação maravilhosa, entrelaçados pelo amor que Deus tem a cada uma das suas criaturas e que nos une também, com terna afeição, ao irmão sol, à irmã lua, ao irmão rio e à mãe terra.(…) A terra é, essencialmente, uma herança comum, cujos frutos devem beneficiar a todos”.

CAPÍTULO 3: As origens humanas da crise ecológica
Embora a ciência e tecnologia “produzam coisas realmente valiosas para melhorar a qualidade de vida do ser humano”, elas também têm dado “àqueles que detêm o conhecimento e sobretudo o poder económico […] um domínio impressionante sobre o conjunto do género humano e do mundo inteiro”. O papa Francisco diz que estamos fascinados pelo paradigma tecnocrático, que promete crescimento ilimitado. Mas esse paradigma “supõe a mentira da disponibilidade infinita dos bens do planeta, que leva a ‘espremê-lo’ até ao limite e para além do mesmo”. Os que defendem esse paradigma “[parecem] não se preocupar com o justo nível da produção, uma melhor distribuição da riqueza, um cuidado responsável do meio ambiente ou os direitos das gerações futuras. Com os seus comportamentos, afirmam que é suficiente o objetivo da maximização dos ganhos”.

CAPÍTULO 4: Ecologia integral
Reconhecer as razões pelas quais uma determinada região está poluída exige uma análise do funcionamento da sociedade, da sua economia, do seu comportamento, das suas maneiras de entender a realidade. Não há duas crises separadas: uma ambiental e outra social; mas uma única e complexa crise socioambiental. As diretrizes para a solução requerem uma abordagem integral para combater a pobreza, devolver a dignidade aos excluídos e, simultaneamente, cuidar da natureza.

CAPÍTULO 5: Linhas de abordagem e ação
O que devemos fazer? O papa Francisco convida para um diálogo sobre política ambiental nas comunidades internacionais, nacionais e locais. Este diálogo deve incluir a tomada de decisões transparentes de modo que a política esteja ao serviço da realização humana – e não apenas dos interesses económicos. Envolve também o diálogo entre as religiões e a ciência, trabalhando juntas para o bem comum.

CAPÍTULO 6: Educação ecológica e espiritualidade
Precisamos mudar e desenvolver novas convicções, atitudes e formas de vida, incluindo uma nova forma (um novo estilo) de viver. Isso requer não apenas uma conversão individual, mas também redes comunitárias para resolver a complexa situação que o mundo, hoje, enfrenta. Essencial aqui é uma espiritualidade que nos possa motivar a ter uma preocupação mais apaixonada pela proteção deste nosso mundo. A espiritualidade cristã propõe um crescimento e uma realização marcados pela moderação e pela capacidade de ser feliz com pouco. O amor, que transborda com pequenos gestos de carinho mútuo, também é social e político e faz-se sentir em toda ação que procura construir um mundo melhor.

Um guia de leitura da Laudate Si’ AQUI


Sem comentários:

Enviar um comentário