sábado, 15 de outubro de 2016

DIA MUNDIAL DA ALIMENTAÇÃO


O clima está a mudar: a alimentação e a agricultura também” é o tema oficial do Dia Mundial da Alimentação 2016, que se assiná-la a cada 16 de outubro.



Na sua mensagem para este dia, o Papa Francisco lembra os “800 milhões de pessoas que ainda passam fome” atualmente.
O texto, endereçado à Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), questiona um modelo de desenvolvimento que não consegue impedir as situações de fome e desnutrição. “Já não basta impressionar-se e comover-se diante de quem, em qualquer latitude, pede o pão de cada dia” - afirma o Papa - “É necessário decidir-se e atuar. Muitas vezes, também enquanto Igreja Católica, recordamos que os níveis de produção mundial são suficientes para garantir a alimentação de todos, com a condição de que haja uma justa distribuição”.
Alertando para as consequências das alterações climáticas, o papa Francisco pede que o Acordo de Paris “não fique somente nas palavras, mas se transforme em corajosas decisões concretas”. A mensagem evoca também as consequências das alterações climáticas para as migrações humanas da atualidade, falando em “migrantes climáticos que engrossam as filas desta caravana dos últimos, dos excluídos, daqueles a quem é negado um papel na grande família humana”.
O Papa  termina com um apelo à mudança de rumo, para que “o desenvolvimento não seja somente uma prerrogativa de poucos nem os bens da criação sejam património dos poderosos”.


Também a Cáritas Europa, em mensagem para este dia, realça que “uma em cada nove pessoas em todo o mundo sofrem de subnutrição crónica”, um flagelo quase exclusivamente concentrado “nos países em vias de desenvolvimento”. A “fome e a pobreza são atualmente as causas principais da imigração forçada e dos fluxos de deslocados, que ao longo do último ano atingiram o valor recorde de 65 milhões de pessoas”. 




O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), por seu lado, publicou um relatório, nesta sexta-feira (14), com a alarmante estatística de que 5 em cada 6 crianças do mundo com menos de 2 anos não recebem nutrição adequada para o crescimento e desenvolvimento cerebral. A nutrição infantil durante os primeiros 2 anos de vida é crítica para o desenvolvimento e a sobrevivência. Apesar de ter havido uma redução da desnutrição nos últimos 10 anos, o nanismo continua a afetar 156 milhões de crianças com menos de 5 anos, enquanto, por outro lado, 42 milhões de crianças estão com sobrepeso ou obesas - um aumento de 11 milhões desde 2000.


Desperdício alimentar


Em todo o mundo, 33% dos alimentos produzidos para consumo humano são desperdiçados. Os cálculos da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura indicam que os países industrializados desperdiçam 1,3 mil milhões de toneladas de alimentos por ano. O que chegaria para alimentar os cerca de 925 milhões de pessoas que passam fome no mundo.

Em Portugal, desperdiça-se qualquer coisa como 1 milhão de toneladas de alimentos por ano, ou seja, cada português deita ao lixo, em média, 132 quilos de comida por ano: 324 mil toneladas perdem-se em casa e 17% da comida é deitada fora ainda antes de chegar aos consumidores finais. Os números foram revelados pelo Projeto de Estudo e Reflexão sobre o Desperdício Alimentar, do Centro de Estudos de Sociologia da Universidade Nova de Lisboa.




Um desperdício que, no conjunto da União Europeia, chega aos 89 milhões de toneladas. Na Holanda o desperdício por habitante/ano é de 541 quilos, seguido da Bélgica com 345, do Chipre com 327 e de 135 quilos  em Espanha 135 quilos.

Em Portugal, existem várias organizações que combatem ativamente o desperdício alimentar como a Re-Food e o movimento Zero Desperdício, que recolhem refeições que de outra forma seriam deitadas ao lixo por restaurantes ou supermercados, ou a Fruta Feita, que aproveita a fruta com qualidade, mas sem a aparência necessária para ser comercializada.

Eliminar o desperdício alimentar é uma maneira de combater a fome, mas também de aproveitar os recursos, trazendo mais rentabilidade para os agricultores e contribuindo para um meio ambiente mais sustentável.
O primeiro passo para reduzir o desperdício alimentar e a perda de géneros alimentares, é levar as pessoas a compreender a existência do problema e a tomar consciência, por um lado, da influência das alterações climáticas na diminuição da produção de alimentos e, por outro, do imperativo de extrairmos, de forma sustentável, um volume cada vez maior de calorias do solo já cultivado.


A Assembleia da República decretou 2016 como o Ano Nacional do Combate ao Desperdício Alimentar.




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