terça-feira, 8 de novembro de 2016

III Encontro de Movimentos Populares

“Os bancos são salvos, mas não as pessoas. É a bancarrota da humanidade”, afirma o Papa Francisco aos movimentos populares


No passado sábado, dia 5 de Novembro, o Papa Francisco recebeu os mais de 3 mil participantes de 60 países, em representação dos movimentos populares.

No discurso de encerramento, o Papa Francisco comparou o tratamento que o sistema capitalista destina aos bancos com o que é dispensado aos refugiados, que são uma emergência planetária: "O que acontece no mundo de hoje quando ocorre a bancarrota de um banco: imediatamente aparecem somas escandalosas para salvá-lo. Mas quando acontece esta bancarrota da humanidade não existe sequer uma milésima parte para salvar estes irmãos que sofrem tanto? E assim o Mediterrâneo transformou-se num cemitério e não somente o Mediterrâneo…muitos cemitérios próximos dos muros, muros manchados de sangue inocente. Quem vê os olhos das crianças que encontramos nos campos de refugiados é capaz de reconhecer imediatamente, na sua totalidade, a ‘bancarrota’ da humanidade”. 

Retomou uma formulação da sua Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (Alegria do Evangelho), para afirmar que "enquanto não se resolverem radicalmente os problemas dos pobres, renunciando à autonomia absoluta dos mercados e da especulação financeira e atacando as causas estruturais da iniquidade, não se resolverão os problemas do mundo e definitivamente, nenhum problema. A iniquidade é a raiz dos males sociais".

O Papa apresentou um verdadeiro programa que poderia unificar os movimentos populares em todo o planeta "para caminhar em direção a uma alternativa humana diante da globalização da indiferença:
1. Colocar a economia ao serviço dos povos
2. Construir a paz e a justiça
3. Defender a Mãe Terra."

E detalhou este programa que se deveria nortear pelos seguintes princípios: "trabalho digno para aqueles que são excluídos do mercado de trabalho; terra para os agricultores e as populações indígenas; casa para as famílias sem-teto; integração humana para os bairros populares; eliminação da discriminação, da violência contra as mulheres e das novas formas de escravidão; o fim de todas as guerras, do crime organizado e da repressão; liberdade de expressão e de comunicação democrática; ciência e tecnologia ao serviço dos povos."

Denunciou a ligação entre o governo do dinheiro e o terrorismo: "Quem governa então? O dinheiro. Como governa? Com o chicote do medo, da desigualdade, da violência económica, social, cultural e militar que gera sempre mais violência numa espiral descendente que parece não acabar nunca. Quanta dor, quanto medo! Existe um terrorismo de base que deriva do controle global do dinheiro sobre a terra e ameaça toda a humanidade. Deste terrorismo de base se alimentam os terroristas derivados como o narcoterrorismo, o terrorismo de Estado e aquele que alguns erroneamente chamam terrorismo étnico ou religioso. Nenhum povo, nenhuma religião é terrorista. É verdade, existem pequenos grupos fundamentalistas em todas as partes. Mas o terrorismo inicia quando é expulsa a maravilha da criação, o homem e a mulher, e colocado ali o dinheiro. Tal sistema é terrorista."

O Papa animou os movimentos sociais a não se deixarem paralisar pelo medo: "Nenhuma tirania se sustenta sem explorar os nossos medos. Isso é a chave. Daí que toda a tirania seja terrorista. E quando este terror, que foi semeado nas periferias com massacres, saques, opressão e injustiça, explode nos centros com diversas formas de violência, até mesmo com atentados odiosos e cobardes, os cidadãos que ainda conservam alguns direitos são tentados pela falsa segurança dos muros físicos ou sociais. Muros que fecham alguns e exilam outros. Cidadãos murados, aterrorizados, de um lado; excluídos, exilados, ainda mais aterrorizados de outro. É esta a vida que Deus nosso Pai quer para os seus filhos? O medo é alimentado, manipulado… Porque o medo, além de ser um bom negócio para os mercadores das armas e da morte, enfraquece-nos, desestabiliza-nos, destrói as nossas defesas psicológicas e espirituais, anestesia-nos diante do sofrimento dos outros e no final torna-nos cruéis."

Ver AQUI  na íntegra o discurso do Papa Francisco aos Movimentos Populares


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