terça-feira, 28 de março de 2017

A Europa na encruzilhada




A Conferência Europeia das Comissões de Justiça e Paz, tornou pública uma reflexão sob o título “A Europa na encruzilhada” onde interpela a União Europeia e os seus Estados-Membros sobre os princípios que devem ser respeitados na construção de um projeto europeu renovado e concretiza algumas das políticas que o atual período de dúvida e incerteza torna inadiáveis.

Algumas das propostas políticas apresentadas:

- A fim de manter o direito universal de asilo, é urgente reformar o sistema comum europeu de asilo;

- A liberalização do mercado não é um objetivo em si mesmo; a condenação da pobreza e do aumento do desemprego em vários países; o apoio à proposta de um Pilar Europeu dos Direitos Sociais;

- Como minimizar a possível ameaça aos direitos do trabalho, segurança e normas ambientais face aos acordos de comércio livre que a Comissão Europeia tem vindo a negociar;

- O futuro do trabalho face à chamada revolução digital, propondo-se uma ação conjunta da Comissão Europeia e dos parceiros sociais;

- A cada vez menor tributação das multinacionais e dos muito ricos impõe o acordo dos Estados-Membros na aceitação de regras comuns;

- A fim de apoiar os esforços por um estilo de vida mais sustentável, é necessário um forte compromisso climático a alcançar em 2017, entre os governos da União Europeia e o Parlamento Europeu, que deverá incluir a reforma do Regime de Comércio de Emissões após 2020;

- A fim de defender a Europa contra o terrorismo, contribuir para a prevenção e o fim dos conflitos armados no mundo, a União Europeia tem de reforçar a sua política comum de segurança e defesa, de promoção da paz, de reforçar os seus esforços no domínio do desarmamento, da não proliferação e do controlo das exportações de armas;

- O reconhecimento de que as instituições europeias podem e devem ser mais democráticas; 

E termina o documento:

“A política é mais do que a busca do interesse pessoal por meios estratégicos e táticos. Num mundo em rápida mudança, é necessária uma reinterpretação dinâmica do papel e da responsabilidade da Europa. Isto é particularmente importante numa comunidade de Estados que estão fortemente interligados. A Igreja Católica, juntamente com as outras Igrejas, bem como com outras comunidades religiosas e, na verdade, com todos os que lutam pelo bem comum, podem ajudar a reavivar o espírito europeu de paz. Reanimar o projeto da unidade europeia é concretizar o sonho do Papa Francisco:


«(...) Com a mente e o coração, com esperança e sem vãs nostalgias, como um filho que reencontra na mãe Europa as suas raízes de vida e de fé, sonho um novo humanismo europeu, “um caminho constante de humanização”, ao qual servem “memória, coragem e utopia sadia e humana”. Sonho uma Europa jovem, capaz de ainda ser mãe: uma mãe que tenha vida, porque respeita a vida e dá esperanças de vida. Sonho uma Europa que cuida da criança, que socorre como um irmão o pobre e quem chega à procura de acolhimento porque já não tem nada e pede abrigo. Sonho uma Europa que escuta e valoriza as pessoas doentes e idosas, para que não sejam reduzidas a objetos descartáveis porque improdutivas. Sonho uma Europa, onde ser migrante não seja delito, mas apelo a um maior compromisso com a dignidade de todos os seres humanos. Sonho uma Europa onde os jovens respirem o ar puro da honestidade, amem a beleza da cultura e duma vida simples, não poluída pelas solicitações sem fim do consumismo; onde casar e ter filhos sejam uma responsabilidade e uma alegria grande, não um problema criado pela falta de trabalho suficientemente estável. Sonho uma Europa das famílias, com políticas realmente eficazes, centradas mais nos rostos do que nos números, mais no nascimento dos filhos do que no aumento dos bens. Sonho uma Europa que promova e tutele os direitos de cada um, sem esquecer os deveres para com todos. Sonho uma Europa da qual não se possa dizer que o seu compromisso em prol dos direitos humanos constituiu a sua última utopia.»

Sem comentários:

Enviar um comentário