quarta-feira, 17 de maio de 2017

PEOPLE4SOIL



Na Europa, ainda não há uma lei comum que defenda o solo.

Proteger o solo com leis é a primeira maneira de proteger os seres humanos, as plantas e os animais. Sem um solo saudável e vivo, não há futuro. Um solo saudável e vivo protege-nos de desastres ambientais, das alterações climáticas, dos venenos no prato.
Mais de 400 associações reuniram-se na coligação People4Soil, que exige regras específicas da UE para proteger o solo, bem essencial para a vida, tal como a água e o ar. 



AJUDE A SALVAR O SOLO COM A SUA ASSINATURA
PARTICIPE NA INICIATIVA DE CIDADANIA EUROPEIA


Eis o texto da petição:

O solo é um dos recursos naturais mais importantes do planeta, mas até agora o seu significado ecológico tem sido muito subestimado. A disponibilidade de elementos essenciais à vida depende do solo, bem como as alterações climáticas e a disponibilidade de água. O solo é o lar de uma grande variedade de organismos que contribuem para a sua formação e participam predominantemente na biodiversidade. O solo e a biodiversidade estão assim envolvidos de forma interdependente e inseparável. O solo regula e acumula carbono sob a forma de matéria orgânica, pelo que qualquer alteração do uso da terra pode influenciar o balanço dos gases com efeito estufa. A degradação do solo e a ocupação do solo representam uma das principais emergências ambientais na Europa, afetando as comunidades bem como a natureza de que dependem.

O solo é um recurso vital, limitado, não renovável e insubstituível: o bem-estar das gerações atuais e futuras depende da saúde dos solos. Os efeitos da degradação do solo, mesmo que localmente, têm impacto a nível global: inundações, erosão, degradação da paisagem, emissões de gases com efeito de estufa, perda de biodiversidade, seca são fenómenos supralocais, em grande parte relacionados com a perda ou degradação dos solos. O solo é também um recurso fundamental para a subsistência dos seres humanos. A fertilidade dos solos é a base da produção agrícola e, portanto, da alimentação humana.

Na Europa, uma área de quase 200.000 km2 (aproximadamente, o tamanho da Grã-Bretanha) perdeu permanentemente as funções relacionadas com o solo, tendo sido ocupada com urbanizações. Cada dia, 3 km2 de solo desaparecem. Novos edifícios e respetivas infraestruturas estão a ocupar os solos das planícies mais férteis e das áreas costeiras. Nas latitudes do sul, os solos agrícolas perderam grande parte da matéria orgânica devido a práticas agrícolas intensivas, e estão dependentes da utilização de grandes quantidades de adubos. Nas zonas semiáridas, os solos empobrecidos estão em risco de desertificação. A poluição industrial deu origem à contaminação de grandes áreas que, em muitos dos casos não podem ser rapidamente reabilitadas devido à falta de recursos económicos para fazer essa remediação.

Hoje, 500 milhões de cidadãos da UE dependem da produtividade dos solos fora da Europa para as suas necessidades básicas, e a pegada ecológica Europeia está constantemente a aumentar. Não podemos permitir mais o desperdício de terra e perdas das funções ecológicas dos solos na Europa, nem podemos aceitar uma dependência dos solos agrícolas de outros continentes, resultando em pressões sobre ecossistemas naturais e sobre os povos indígenas.

O solo é um bem comum essencial para a nossa vida, e deve ser reconhecido como tal, criando um quadro legal que assegure a sua conservação. A proteção deve dizer respeito ao direito de propriedade que, legitimamente exercido, deve contemplar a responsabilidade de preservar os recursos do solo para benefício das gerações atuais e futuras. A proteção legal do solo, de acordo com os Tratados Europeus, não é contrária ao princípio da subsidiariedade, mas complementa e apoia as legislações nacionais na prevenção de todas as formas de abuso especulativo ou financeiro que podem limitar o direito das pessoas ao acesso à terra e aos serviços que presta.

Atualmente, o solo na Europa não está protegido contra decisões arbitrárias e agressões que produzem efeitos de degradação, erosão ou cimentação. É uma lacuna legal que afeta as legislações dos Estados-Membros e também a credibilidade das políticas ambientais europeias: como é possível parar a perda de biodiversidade se os ecossistemas estão se a ser erosionados e fragmentados pela urbanização e infraestruturas? Como é possível lidar com a mitigação e adaptação às alterações climáticas sem considerar o solo? Como é possível desenvolver políticas de eficiência energética nos sectores da construção civil e dos transportes, se a expansão urbana for intrinsecamente intensiva no uso de recursos e energia?

Por todas estas razões, os cidadãos reivindicam o direito ao solo na EU. A União Europeia deve adotar um quadro jurídico específico para proteger seus solos. Uma legislação eficaz sobre os solos deve incluir as seguintes características:

- o reconhecimento dos serviços ecossistémicos prestados pelo solo e reconhecimento da sua importância para a conservação da biodiversidade e da segurança alimentar;

- a implementação de um sistema de monitorização do uso da terra;

- a transposição para a legislação de um programa vinculativo de redução da cimentação do solo de curto prazo;

- a prevenção da apropriação de terras e da concentração de terras, a promoção do acesso à terra por agricultores e comunidades locais;

- a implementação de políticas empenhadas em inverter a tendência de diminuição da matéria orgânica do solo e reduzir a utilização de fertilizantes sintéticos e pesticidas;

- a avaliação dos impactos da alteração do uso da terra no balanço hídrico, incluindo a obrigação de medidas compensatórias para cada intervenção que altera a permeabilidade dos solos;

- um programa de remediação de solos contaminados, a ser implementado através de medidas fiscais e financeiras no âmbito do princípio do "poluidor-pagador" e uma ação preventiva a ser tomada na direção do proprietário por realização de atividades com um risco significativo de poluição do solo.




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