quinta-feira, 1 de junho de 2017

Uma criança é uma criança


Proteger as crianças em movimento contra a violência, abusos e exploração – é este o novo relatório da Unicef que apresenta uma visão global sobre as crianças refugiadas e migrantes, as motivações que estão por trás das suas deslocações e os riscos que enfrentam em percursos extremamente perigosos, muitas vezes à mercê de contrabandistas e traficantes, para chegarem aos seus destinos, o que justifica claramente a necessidade de um sistema global de proteção para manter estas crianças a salvo da exploração, de abusos e da morte.

O número total de crianças refugiadas e migrantes que se deslocam sozinhas aumentou quase cinco vezes desde 2010. Em 2015-2016, pelo menos 300 mil crianças não acompanhadas e separadas foram registadas em cerca de 80 países.

Apenas uma criança que se desloca sozinha é preocupante, mas o número de crianças que o fazem atualmente é assustador – e nós adultos não estamos a protegê-las. Contrabandistas e traficantes sem escrúpulos estão a explorar a sua vulnerabilidade em proveito próprio, ajudando as crianças a atravessar fronteiras, apenas para as venderem para escravatura e prostituição forçadas. É inadmissível que não estejamos a defendê-las devidamente destes predadores.” – denuncia Justin Forsyth, Director Executivo Adjunto da UNICEF.



Pode ler-se no Relatório:

Atualmente, há milhões de crianças em movimento através de fronteiras internacionais – fugindo da violência e de conflitos, de catástrofes naturais ou da pobreza, em busca de uma vida melhor. Centenas de milhares viajam sozinhas. Quando se deparam com poucas alternativas seguras para seguir caminho, as crianças recorrem a rotas perigosas e a contrabandistas para as ajudarem a atravessar fronteiras. As lacunas graves que existem nas leis, políticas e serviços destinados a proteger as crianças em trânsito deixam as crianças refugiadas e migrantes desprovidas de protecção e cuidados. Carenciadas, desenraizadas e muitas vezes sozinhas, as crianças em movimento tornam-se presas fáceis para os traficantes e outros que delas abusam e as exploram.

O número de crianças que se deslocam sozinhas é alarmante

Muitas crianças movimentam-se sozinhas e enfrentam riscos particularmente graves. Em algumas zonas do globo, o número de crianças que viajam sozinhas aumentou exponencialmente. Na perigosa passagem do mar Mediterrâneo Central, a partir do Norte de África para a Europa, 92% das crianças que chegaram a Itália em 2016 e nos primeiros dois meses de 2017 não estavam acompanhadas – em 2015 essa percentagem foi de 75%.

As crianças em movimento são acima de tudo crianças e precisam de proteção

A Convenção sobre os Direitos da Criança protege todas as crianças, onde quer que estejam. Todas as crianças, independentemente do seu estatuto legal, nacionalidade ou ausência desta, têm o direito de ser protegidas contra quaisquer danos, de aceder a serviços essenciais como cuidados de saúde e educação, de estar com as suas famílias e que o seu interesse superior seja o princípio que norteia as decisões que as afetam.
Porém, na prática, as crianças em movimento são frequentemente vítimas de violações dos seus direitos devido ao seu estatuto migratório. A forma como são tratadas varia muito de Estado para Estado, e a responsabilidade de zelar por elas recai muitas vezes sobre os países mais pobres. Mesmo crianças que fogem de violência e conflitos muitas vezes não têm a proteção que precisam, especialmente quando a proteção de refugiados é limitada na lei ou na prática.

É tempo de agir agora

Os direitos das crianças não estão confinados às fronteiras nacionais. Onde quer que os conflitos ou as catástrofes, a negligência, os abusos e a marginalização levem as crianças a deslocar-se, os seus direitos acompanham-nas. É urgentemente necessária liderança para elaborar um acordo global sobre como proteger e assegurar os direitos das crianças em movimento, independentemente de quem são ou de onde estão.

VER RELATÓRIO  AQUI


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