domingo, 8 de outubro de 2017

Jornada Mundial pelo Trabalho Digno – 7 de Outubro


“O trabalho é um direito de todos, que deve estar disponível para todos”.

“Perante o atual desenvolvimento da economia e as dificuldades que atravessam a atividade laboral, é preciso reafirmar que o trabalho é uma realidade essencial para a sociedade, para as famílias e para os indivíduos”.

“Que podemos dizer perante o gravíssimo problema do desemprego que atinge vários países europeus? É consequência de um sistema económico que já não é capaz de criar trabalho, porque colocou no centro um ídolo, que se chama dinheiro”.

“O valor primário do trabalho é o bem da pessoa humana, porque a realiza como tal, com as suas atitudes e as suas capacidades intelectuais, criativas e manuais”.

“O problema de não trabalhar não é o de não ganhar dinheiro para comer, porque nos podemos aproximar de organizações para receber alimentos. O problema é não poder levar o pão para casa, é perder a dignidade”.

(Palavras do Papa Francisco, a propósito da dignidade do Trabalho)


Trabalho digno, a chave do progresso social  - O trabalho digno constitui um elemento essencial da luta contra a pobreza e a exclusão social. Todas as pessoas têm direito a uma vida digna e a poder satisfazer as suas necessidades básicas.
O trabalho digno foi definido pela Organização Internacional do Trabalho  como o conjunto de oportunidades para que mulheres e homens possam ter acesso um trabalho produtivo em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade humana.


O trabalho é um dom e um projeto de humanização imprescindível para a construção da sociedade e para a realização humana e não apenas uma fonte de remuneração, afirmam em manifesto os Movimentos da Pastoral Operária - Movimento Apostolado Adolescentes e Crianças, Juventude Operária Católica, Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos e a Comissão Nacional Justiça e Paz. Renovam o compromisso de continuar a lutar pelo trabalho digno e exigem da sociedade que o defenda e promova também, porque o trabalho deve estar para o homem e não o homem para o trabalho. Dignidade, respeito, honra, liberdade, direitos de todos e para todos são aspetos a ter em conta entre o trabalho e o poder de compra.

Toda a sociedade está chamada a dar visibilidade e denunciar, através de todos os meios ao seu alcance, as situações de trabalho indigno existentes e todos podemos fazer algo a partir das nossas organizações, movimentos e lugares de compromisso, referem. Para colocar no centro a pessoa e a sua humanização é preciso, por exemplo, romper com a lógica da precariedade e da flexibilidade, que faz do trabalhador um ser sem estabilidade, obrigando-o a alternar períodos de emprego com períodos de desemprego, marcados pela incerteza permanente e que reduz os trabalhadores a meros prestadores de serviços.


Também o Movimento Mundial de Trabalhadores Cristãos marca a sua posição neste dia:

“O 7 de Outubro tem de ser um marco imperativo na luta pelo trabalho digno, tal como o propõe a Organização Internacional do Trabalho. Perante os avanços da tecnologia, afirmamos que o trabalho, hoje e no futuro, pode ser exercido em liberdade e com criatividade, tem que corresponder às necessidades das pessoas e das comunidades, necessita de respeitar o ambiente e os recursos naturais e deve ser factor de coesão, integração e justa distribuição da riqueza.

Nós, militantes do Movimento Mundial de Trabalhadores Cristãos – MMTC, manifestamos a nossa preocupação, a nossa indignação e o nosso desassossego diante do modo como as classes dominantes, políticas e económicas, conduzem as crises sociais e laborais que assolam os trabalhadores no mundo e afectam as populações sem distinção, mas sobretudo os mais pobres. Com altas taxas de desemprego, com empregos cada vez mais precários, com os direitos laborais e protecção social em regressão em tantos países e inexistentes em muitos outros, somos voz de denúncia e de compromisso no combate à desvalorização do trabalho humano e ao descarte de trabalhadores e trabalhadoras.

A desigualdade socioeconómica, nos últimos anos, tem-se agravado significativamente. Trabalhadores que em parte haviam superado a miséria e a pobreza, hoje estão a regressar aos apoios sociais. Percebe-se que, juntamente com as desigualdades sociais, está a aumentar em todas as sociedades a violência, violência de todos os tipos: contra a pessoa e a vida, contra as famílias, tráfico de drogas, armas e outros negócios ilícitos; excessos no uso da força policial, corrupção e evasão fiscal, “má administração” dos bens públicos, abuso de poder económico e político; manipulação por parte dos meios de comunicação e os crimes ambientais.

O papa Francisco faz um forte alerta ao que vem sucedendo com a prioridade dada ao dinheiro, ao consumo, aos bens materiais, que contrasta fortemente com o desprezo e abandono em relação às pessoas e famílias. Cremos que não é justo submeter/escravizar o Estado de direito ao mercado neoliberal em nome da renovação do desenvolvimento. Quando é o mercado que governa, o Estado torna-se débil e termina submetido a uma perversa lógica do capital financeiro. Como nos adverte o papa Francisco, “o dinheiro é para servir e não para governar” (EG 58).

No esforço de superação do grave momento que a classe trabalhadora está a viver, são necessárias mudanças que se legitimam quando obedecem à lógica do diálogo com toda a sociedade, tendo em vista o bem comum. Os movimentos sindicais, sociais e populares, como todas as instituições que lutam em favor das populações mais pobres e excluídas, que estão a ser criminalizadas e falsamente denunciadas, são fundamentais para estas mudanças. A criação de redes e associações torna-nos mais fortes, mais incisivos e eficientes nesta intervenção cívica.”

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